Há quem diga que o digital pode melhorar tudo que já existiu, basta que alguém venha com a idéia certa, na hora certa. Talvez, agora, a produtora do jogo Monument Valley (ótimo game, vale muito a pena) tenha criado a evolução do diário. Ou da terapia, não sei.
É uma história interessante, que mostra que é muito importante conhecer os seus limites.
A produtora, depois de fazer muito sucesso nas appstores da vida, decidiu criar um jogo para que as pessoas pudessem ter mais consciência do seu estado emocional. Eles começaram a desenvolver algo internamente e, em certo ponto tinham o que parecia ser um produto promissor, mas faltava algo.
Em dias de Mindfullness e auto-conhecimento em alta, eles precisavam que o seu produto tivesse algo especial, e não tinha. Ele não cumpria o seu propósito melhor do que as idéias parecidas que já existiam no mundo. Por isso, era a hora de pedir ajuda.
Então a Take Two se uniu com a Thriveport, especialista em saúde cognitiva, e trouxe especialistas em saúde para que o seu jogo não fosse apenas divertido, mas que cumprisse o seu papel de cuidar do humor do jogador. E o resultado dessa união foi… a morte do game.
Sim, já não existia mais jogo, então. Conforme eles iam conversando e moldando o produto para que ele atendesse o seu propósito, chegaram a conclusão de que a melhor forma do usuário ter consciência dos seus sentimentos, do seu humor, era falando sobre ele e não resolvendo puzzles, ou explorando ambientes. Então surgiu o Moodnotes (“anotações de humor” em uma tradução literal).
Utilizando os princípios da Terapia Comportamental Cognitiva, onde o paciente tem ajuda para ficar consciente dos seus pensamentos e comportamentos negativos, e assim poder enfrentá-los, a Take Two criou um diário onde você não precisa escrever nada. Ao invés de apertar botões para enfrentar desafios, você aperta botões para dizer como se sente. O aplicativo pergunta: “O que está acontecendo agora?”. E então você diz.
Como ele já tem vários sentimentos disponíveis, você só escreve algo se quiser, depois de listar as definições do seu estado de espírito. A idéia é que você termine de ver aquele checklist do que está te fazendo mal, para poder enfrentar.
Uma boa idéia, que serve para ajudar quem sofre de ansiedade ou depressão, e não tem tempo ou condição de procurar ajuda especializada. Não, não estou dizendo que um app vai substituir o tratamento com um especialista… O que quero dizer é que é sempre bom termos consciência do que sentimos e do que queremos. E na correria do dia-a-dia, ter uma forma digital pra fazer isso, pode ser de grande ajuda. 😉